terça-feira, 13 de maio de 2008

EAD como forma de inclusão

EAD como forma de inclusão no Brasil

A educação a distância (EAD), na sua essência, é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional. Disponibilizada, em geral, para um grande número de pessoas, essa forma de ensino substitui a interação pessoal entre professor e aluno na sala de aula pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e de organização e tutoria que propiciam a aprendizagem autônoma dos estudantes.
Sabe-se que o uso de técnicas de educação a distância não é uma novidade em todo o mundo. No final do século XIX, os agricultores europeus já utilizavam esse sistema para ensinar a plantar e cuidar do rebanho bovino, objetivando a elevação da produtividade. A introdução das novas tecnologias de comunicação, em particular a internet, está contribuindo para a potencialização do conceito de EAD.
Atualmente, verifica-se que, com o ensino a distância, a educação em nível de graduação e pós-graduação no Brasil, que era restrito a uma elite, está se expandindo de maneira veloz para uma grande camada da população. Na modalidade a distância, o aluno não precisa estar freqüentando a sala de aula para aprender, visto que a presença do professor será feita por meio de um sistema que compreende material didático especialmente preparado, tutoria a distância no ambiente virtual dos cursos, entre diversos outros elementos utilizados há muitos anos por conceituadas universidades do mundo.
Entretanto, nessa modalidade, a motivação é um fator essencial, isto é, o aluno deve ter certeza de que realmente quer fazer curso a distância. Para estudar em um sistema de EAD, é preciso ser capaz de organizar as tarefas do cotidiano, a fim de que o tempo para estudo seja mais bem aproveitado. A disciplina e a organização do tempo diário de estudo são importantes para que sejam cumpridas as tarefas e os prazos determinados. O aluno poderá contar com os tutores, cuja função é ajudá-lo no desenvolvimento de seus estudos, sobretudo na superação das dificuldades iniciais, nos primeiros períodos do curso.
Nesse contexto, revela-se a importância da criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB), no âmbito do Ministério da Educação, e do crescente envolvimento das instituições públicas de educação superior com a educação a distância. Por trás dessas políticas públicas, abre-se um processo importante de democratização do acesso à educação continuada, por meio da oferta de oportunidade de ensino da qualidade para pessoas que estão distantes de centros de formação, impossibilitadas de freqüentar os ambientes presenciais, e para os têm alguma dificuldade de locomoção.
No conjunto dessas ações para implementar políticas públicas de educação a distância, destaca-se a escolha do projeto-piloto do curso de graduação em administração a distância da UAB, que teve início em junho de 2006 e deverá ser concluído em dezembro de 2010. Além de um currículo único no país, com duração de nove semestres, observa-se no projeto político pedagógico deste curso a transformação do binômio ensino-pesquisa em trinômio ensino-pesquisa-prática profissional, visando a integração do estudante no corpo social como elemento ativo, participante na criação do conhecimento.
O projeto-piloto conta atualmente com 14 mil alunos, numa rede de 25 universidades públicas de educação superior - federais e estaduais. As aulas em sua maioria são virtuais (80%) e as restantes são presenciais (20%). Isso vem exigindo dos alunos uma forte dedicação ao cumprimento das exigências de aprendizagem dos conteúdos das matérias e tarefas, de forma disciplinada, todos os dias. Especial atenção está sendo dada às avaliações dos alunos e do curso - uma das etapas sensíveis do processo de educação a distância. Esses esforços pretendem elevar a qualidade de sua formação acadêmica, o que tem exigido que eles passem por um processo rígido, tanto no ambiente virtual como sob a forma presencial, com provas.
Os resultados já obtidos com este projeto, evidenciadas em recentes avaliações do curso, estão revelando que é possível ministrar cursos de boa qualidade a distância, utilizando novas tecnologias para reduzir as diferenças e criar movimentos significativos de inclusão. Essa rede de 25 universidades - apoiada pelo MEC/UAB e o Fórum das Estatais (Banco do Brasil) -, está contribuindo de maneira efetiva para a criação de uma nova cultura de educação a distância no meio acadêmico e mostrando que a EAD é um caminho sem volta, a partir desse novo modelo de fazer políticas públicas de educação no Brasil.
José Matias-Pereira